GRUPO DE TEATRO CHICO DANIEL

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terça-feira, 4 de maio de 2010

AFIRMAÇÃO DE SI MESMO

A afirmação de si mesmo, ou assertividade, visa permitir-nos exprimir mais facilmente as nossas emoções e opiniões. Segundo os psicólogos americanos Alberti e Emmons, define-se deste modo: "é um comportamento que permite a uma pessoa agir pelo melhor no seu próprio interesse, defender o seu ponto de vista sem ansiedade exagerada exprimir com sinceridade e …- vontade os seus sentimentos e manifestar os seus direitos sem negar os dos outros". Adotadas pelos terapeutas comportamentalistas, as técnicas de afirmação de si mesmo baseiam-se nas leis do condicionamento e do descondicionamento. Segundo o psicólogo Joseph Wolpe, a falta de afirmação de si mesmo explica-se pela aquisição de uma reação condicionada de ansiedade. Através do mecanismo do princípio de inibição recíproca (ver "Terapias comportamentais"), a ansiedade pode ser reduzida pela aquisição de comportamentos afirmativos. Para um outro investigador americano, MeFall, ao contrário as respostas afirmativas de si mesmo não existem … partida no indivíduo: há que ensinar-lhas," é como também explica Simon Monneret.
Segundo MeFall, é pela ausência de comportamentos afirmativos de si mesmo que se explica o desenvolvimento de atitudes "inadaptadas". Muito embora ainda se não conheçam com precisão os mecanismos de funcionamento, a afirmação de si mesmo já deu numerosas provas da sua eficácia, nomeadamente na autoterapia. Para praticar, por si mesmo, esta técnica, terá de começar por proceder a uma auto-avaliação do seu estado. Existem fortes hipóteses de que tenha necessidade de se afirmar em certos domínios (por exemplo, no plano sentimental) e não noutros onde, graças a Deus, as coisas vão bem (por exemplo, a situação profissional). O psicólogo americano Lazarus distingue quatro categorias de asserções:
- recusar pedidos não razoáveis; - pedir favores; - exprimir emoções positivas ou negativas; - iniciar, prosseguir e terminar uma conversa.
Para lhe permitir realizar uma auto-avaliação tão perspicaz quanto possível, vários psicólogos prepararam questionários muito esclarecedores (ver caixa). Em função das respostas, fixe-se em um ou dois objetivos prioritários, distinguindo o curto prazo do longo prazo (ver também "Determinação dos objetivos"). Em relação a cada objetivo, aponte as situações-chave que não consegue assumir, classificando-as por ordem de dificuldade crescente. Comece pelas situações que lhe parecem mais fáceis de viver. Se, por exemplo, o problema é o de não conseguir pedir seja o que for aos outros, o seu programa de afirmação própria incluir as seguintes fases, segundo uma ordem que poder variar em função das suas reações pessoais:
- entre numa tabacaria e peça para lhe trocarem uma nota de um conto. Se isso o angustia, pense na frase de Woody Allen:
"Haverá uma vida depois da morte e, se houver, será que me trocam 20 dólares? - pague o seu jornal (o que compra todos os dias no mesmo sítio) com uma nota de um conto;
- no café‚ peça simplesmente um copo de água fresca, sem deixar que lhe sirvam um quarto de água mineral. Ou, então, dirija-se com toda a calma para os lavabos sem nada consumir;
- prove quatro pares de sapatos e saia da loja sem comprar nenhum; - compre um objeto qualquer de que não tenha necessidade e, duas horas depois, leve-o novamente… a loja, explicando que afinal não precisa dele;
- pergunte sistematicamente o caminho…as pessoas com que se cruza na rua.
Este mini-tratamento, se não o fizer brigar com a senhora da tabacaria, o dono do café‚ ou a empregada da sapataria do seu bairro, poder ser muito eficaz para o ajudar a afirmar-se.
Se quiser ir mais longe, deve em seguida familiarizar-se com as seis "disciplinas" de base da afirmação de si mesmo, definidas por Andrew Salter, um dos fundadores do método:
- Exprima sem ambigüidades aquilo que pensa ou sente. Não recorra a perífrases, vá direito ao assunto. Em vez de dizer "teria feito melhor se tivesse ficado em casa", diga abertamente: "este serão foi verdadeiramente sinistro". Do mesmo modo, não hesite em fazer elogios aos outros sempre que, a seus olhos, o mereçam. Se for convidado para uma festa "de arromba", não deixe de felicitar os anfitriões. E elogie-se a si próprio, mesmo (e sobretudo!) na presença de outras pessoas.
- "Aprenda a exprimir as suas opiniões e emoções através da mímica e dos gestos. A tradução corporal das emoções ajudá-lo-a afirmar-se melhor.
- Torne-se capaz de contradizer e de atacar (verbalmente) os seus interlocutores. Não hesite em exprimir o seu desacordo, mesmo que a princípio lhe custe.
- Diga "eu". Deixe de empregar as perífrases impessoais do gênero "e se fôssemos passear?". Exprima-se na primeira pessoa: "Apetece-me ir passear. Que dizes?" A utilização do "eu" desenvolve a sua autonomia pessoal e lembra-lhe que deve mostrar-se tal como é.
- Responda positivamente aos elogios. Se lhe disserem "tens um vestido bem bonito", não se apresse a titubear: "Oh! Não é nada de especial, nem acho que me fique bem!". Responda antes:"Ainda bem que gostas. Eu também gosto muito dele."
- Não hesite em improvisar. Não limite as suas relações com os outros a esquemas preestabelecidos. Esforce-se simplesmente por reagir de maneira honesta e franca e por exprimir os seus sentimentos e opiniões. Em duas palavras paradoxais: seja espontâneo! (Ver "Paradoxo".) Não tire por conclusão, após uma leitura superficial deste artigo, que a afirmação de si mesmo se resume a uma série de "truques". Mais que… aplicação deste ou daquele exercício, a eficácia de tal técnica deve-se, sobretudo, a um efeito de bola de neve: quanto mais se esforçar por se sentir seguro de si, mais seguro se tornará. Seja lá por que for, o importante é que funciona!
Pode até‚ chegar-se a um ponto em que a afirmação de si mesmo seja demasiada. A meu ver, nada mais desagradável do que aquelas pessoas supercontentes consigo próprias, que se julgam sempre as melhores e imaginam ter sempre a obrigação de dar a sua opinião sobre tudo, mesmo quando não têm nada de interesse a dizer! Não confunda a afirmação de si mesmo com a agressão ou a manipulação. Uma segurança demasiada também pode originar relações hipócritas ou superficiais. Basta lembrar aquelas festas onde pessoas que nunca mais ver , e a quem é perfeitamente indiferente, o cumulam de sorrisos e elogios. Embora a afirmação de si mesmo possa ser uma técnica útil, seria trágico fazer dela o principal fundamento das formas de agir quotidianas.

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