GRUPO DE TEATRO CHICO DANIEL

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terça-feira, 4 de maio de 2010

O Demoníaco, o Caos e o Renascimento no Teatro de Nelson Rodrigues (Maria Lúcia Pinheiro Sampaio)

Introdução

Meu interesse pela obra de Nelson Rodrigues começou por volta de 1981, quando assisti em São Paulo, no teatro São Pedro, a encenação de várias peças, dirigidas por Antunes Filho, Nelson Rodrigues, o eterno retorno. A partir daí comecei a assistir a seus filmes, a outras encenações e a ler as peças que tinham sido publicadas.
Durante quatro anos, ministrei na Faculdade de Ciências e Letras de Assis um curso em nível de graduação sobre o teatro e me aprofundei na leitura de peças teatrais nacionais e estrangeiras e na teoria do teatro que sempre foi uma das minhas paixões. Posteriormente, redigi um trabalho de pesquisa sobre o gênero dramático, enfocando as origens do teatro, a tragédia, a comédia, o drama e as tendências do teatro contemporâneo. A fascinação por Nelson Rodrigues e o contacto com sua arte datam de vários anos. Mas a morbidez de suas peças, o clima opressivo, o demoníaco presente em sua arte, a necessidade de um mergulho no abismo da condição humana afastaram-me de um estudo mais aprofundado. Os anos se passaram, escrevi muitos livros de poesia, ficção e ensaio e um dia resolvi me reencontrar com Nelson Rodrigues, pois percebi que estava preparada para enfrentá-lo e compreendê-lo. Tinha terminado meu livro O Deus de duas cabeças, uma série de vinte e dois contos que tratavam do problema do bem e do mal, um mergulho na condição humana. A vivência, que esse livro me deu, amadureceu-me e me permitiu compreender a arte de Nelson Rodrigues, complexa, abissal.
Fiz um levantamento de teses, artigos e livros a respeito do autor. Concomitantemente, li as dezessete peças de N.R, seus romances, contos e crônicas para ter uma visão completa do universo ficcional que ele criou. Percebi, pela leitura das peças e das obras sobre N.R, a importância do autor na dramaturgia brasileira, a revolução do seu teatro que modificou profundamente o cenário teatral brasileiro, a complexidade e profundidade de sua arte.
Influenciada especialmente pela encenação de Antunes Filho que nos deu uma visão mítica, arquetípica e ritualística das peças, resolvi fazer uma leitura psicanalítica de N.R, trabalhando com a crítica mítica e arquetípica de Jung e a psicanálise de Freud. Tive acesso à apostila do grupo Macunaíma, Nelson Rodrigues, o eterno retorno, estudo junguiano que embasou as encenações do grupo com O Demoníaco, o Caos e o Renascimento no Teatro de Nelson Rodrigues.

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